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Carta aberta da UFG à comunidade universitária

O Laboratório de Pesquisa em Educação Histórica da UFPR repudia a ação da PM de Goiânia pela prisão política de 31 pessoas (professores e estudantes) no dia 15 de fevereiro de 2016.

Reproduzimos a seguir a carta aberta da UFG à comunidade universitária

 

Carta Aberta à Comunidade Universitária

Os últimos acontecimentos associados ao processo de implantação das Organizações Sociais no Sistema de Ensino Público do Estado de Goiás expuseram a face mais dura, conservadora e antidemocrática que domina a vida política do estado de Goiás. De um lado, as denúncias de favorecimento pessoal, a demonstração de vícios no Aviso de Chamamento, a identificação de precarização das condições de trabalho dos professores e a evidência de superdimensionamento dos lucros que serão auferidos pela OS que vencer o Certame. De outro, ataques pessoais dos meios de comunicação àqueles que se opõem ao interesse do Governo, calúnias e prisões ilegais daqueles que se opõem ao Governo do Estado de Goiás.

Ao mesmo tempo, em seus 56 anos de história, a UFG nunca se eximiu de posicionar-se na esfera pública. Independentemente das posições políticas e partidárias pessoais de seus docentes, a Universidade sempre esteve na linha de frente quando chamada ao debate público. Contraditoriamente, diante do quadro perverso que se desenha para a Educação Pública do Estado de Goiás, à exceção de ações pontuais direcionadas ao debate interno acerca do impacto da implantação das OS’s, o representante máximo da Universidade Federal de Goiás, o reitor Orlando Afonso Amaral e o conselho representativo máximo da instituição, o CONSUNI, mantém-se ausentes do debate.

As razões para esse alheamento não foram sequer explicitadas pelo Reitor,  gerando dúvidas quanto aos interesses e pressões políticas que, por ventura, estão associados a esse silenciamento. Os elementos da discussão estão dados, os fatos são de conhecimento público desde há muito. Diante desse quadro, como integrantes da comunidade universitária a quem o Reitor deve prestar contas, questionamos a Reitoria da Universidade Federal de Goiás:

  1. é correto, em nome da pressão política exercida pelo Governador Marconi Perillo, ignorar o impacto negativo que a implantação das Organizações Sociais terão nas condições de trabalho dos professores, muitos deles egressos da UFG?
  2. é correto ignorar os prejuízos que serão causados direta e indiretamente aos 48 cursos de Licenciatura, em razão de chantagens veladas à perda de prestígio junto às agências de fomento ligadas ao Governo do Estado de Goiás?

Por último e mais importante, é correto a Universidade Federal de Goiás, esquivar-se do posicionamento claro, do debate de ideias, manter-se inerte diante dos fatos graves pelos quais vem passando professores e alunos da Universidade e a Educação Pública no Estado de Goiás? Certamente, a Comunidade universitária não se furtará a posicionar-se contrária a uma Reitoria que fica exposta ao sabor dos ventos políticos, submetida ao caudilhismo que domina o Estado de Goiás e alheia à tragédia que está às portas da sociedade goiana. Essas são questões que a Reitoria da Universidade Federal de Goiás não pode se furtar a responder. A continuidade da omissão política certamente custará à UFG a perda da legitimidade da instituição enquanto formadora de opinião e ao Reitor a responsabilidade por lançar a UFG no ostracismo e no esmaecimento político típico dos satélites que orbitam em torno do Governo do Estado de Goiás.

Goiânia, 16 de fevereiro de 2016.

Cristiano Alencar Arrais – FH

Tadeu Alencar Arrais – IESA

David Maciel – FH


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